Webinar a.C

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Quando acordamos pela manhã, ainda com aquele feixe de luz a entrar à socapa pelo meio da persiana, seguimos a nossa rotina tal qual a conhecemos, como estamos habituais a viver o nosso quotidiano, sempre certos que é mais um dia. A estrutura quotidiana pouco mudará, certo? Levantar, trabalhar, dormir. Repeat. Mas e quando estamos à beira da mudança, quanto estamos ameaçados por uma nova estrutura do dia-a-dia e não sabemos? Chegará um dia em que pela última vez vamos acordar e trabalhar da mesma forma, uma última vez para nos relacionarmos como antes e para aprendermos como aprendíamos.

Esse dia chegou, mas não é sobre ele que vamos hoje refletir. Vamos antes refletir em conjunto um pedaço do nosso mais recente passado, tão recente que nem um ano tem. Ponham o brilho devido no vosso telemóvel, ajustem-se às vossas cadeiras e pensem comigo: como eram os seminários por videoconferência antes da COVID?

O termo “webinar” nasceu no final dos anos 80 com o velhinho IRC (jovens Zoomers, o IRC é uma espécie de Discord mas do tempo em que o vosso pai colecionava e trocava cromos do Mundial de 86 com os amigos), juntando comunidades de jovens internautas, curiosos com a tecnologia e famintos por conhecimento. Notemos que no final desta década a internet para consumo massivo estava a dar os primeiros passos, mas não tardou a ser utilizada para o bem, para a partilha de conhecimento e ajuntamento de experiências; contudo, só a meio dos anos 90 é que foi possível tornar o conceito de “webinar” algo mais aproximado à realidade de hoje, graças ao programa LiveShare Plus, desenhado pela PictureTel, entretanto extinta. Desde então os seminários online expandiram-se rapidamente, unindo os vários cantos do mundo com um único propósito, aumentar a caixa pessoal de conhecimento e desenvolver competências como consequência.

Desde então, os webinars foram-se aprimorando na apresentação de powerpoints, interface do utilizador, ligação de internet, entre outros, ao ponto de se tornar algo tão importante na sociedade que a palavra acabaria por ser reconhecida mais tarde, em 1998. Tudo isto permitiu que durante 35 anos pudéssemos usufruir de webinars com milhares de pessoas a atender ao mesmo tempo, um número que parece impressionante – e é – mas que era magro para o que o futuro reservaria. Até ao surgimento da COVID, havia a certeza que os seminários por videoconferência eram um fenómeno já explorado com empresas já detentoras da quota de mercado, portanto um negócio com dono e estável; poucas eram as pequenas e médias empresas que investiam neste tipo de solução para o desenvolvimento de competências dos seus ativos, deixando esta valiosa opção para um nicho de mercado mais tecnológico e gamer, sobretudo na década de 2010 a 2020.

Os webinars conforme conhecíamos todas as manhãs ao acordar, com aquele raio de sol penetrante, por vezes chato, estava na sua fase de adolescência. Quem nunca, nos seus 15 anos, pensou já saber tudo do mundo e ter em si todas as competências para sair com uma mochila nas costas e aventurar-se no mundo? Também o termo “webinar” foi adolescente e só hoje sabemos há muito para aproveitar deste fenómeno e há muito ainda para conquistar, que há muito para aproveitar dele. Mas isso contarei numa futura manhã, pelo acordar…

 

João Charrua

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